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QUAL É O FUTURO PARA AS ORGANIZAÇÕES CARBONO NEUTRO?

O conceito de pegada de carbono foi elaborado pelos pesquisadores William Rees e Mathis Wackernagel, quando os mesmos criaram um índice que pudesse medir o impacto que o ser humano causa no meio ambiente, visando controlar as emissões de CO2 pelos agentes poluidores. O conceito foi desenvolvido durante uma reunião realizada em 1987 no Rio de Janeiro e desde então vem sendo adotado pelas Nações Unidas, bem como por várias organizações e empresas internacionais, tais como o WWF (World Wildlife Fund) e o Greenpeace, ambas os principais atores globais em questões ambientais; além também do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), que recentemente completou 50 anos e fez um apelo para que sejam superados os três principais desafios ambientais da atualidade: as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição.

Empresas de origem brasileiras também estão fazendo a sua parte, tais como a JBS que assumiu um compromisso global Net Zero até 2040, o Boticário que se comprometeu em reduzir em 50% o consumo de energia não-renovável, o volume de água extraída e o volume de emissões de GEE dos seus fornecedores críticos e a Natura, que desde 2007 coloca em prática o Programa Carbono Neutro com o intuito de contabilizar, reduzir e neutralizar as emissões de GEEs.

Entendemos que reduzir as emissões dos gases de efeito estufa não é tarefa simples, mas percebe-se cada vez mais um movimento para que as empresas atinjam a meta de serem carbono neutro até o ano de 2050. Um exemplo é o fato de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou em março de 2022 que aprovou uma operação-piloto para a aquisição de até R$10 milhões em créditos de carbono, sendo que esta é a sua primeira aquisição histórica. Além disso, em 2017, o BNDES aprovou R$1 bilhão em investimentos em projetos de geração eólica, que foram executados pela empresa GEA Wind (S&P Global Market Intelligence).

De acordo com o Relatório de Análise de Compensação de Carbono da PwC Brasil, a intenção do governo brasileiro é promover o aumento do uso de fontes renováveis de energia como parte de seu compromisso de combater as mudanças climáticas, visando reduzir a dependência do país de combustíveis fósseis e gerar benefícios econômicos por meio da geração de empregos e oportunidades de investimento relacionadas a este setor.

E o que tudo isso significa? De acordo com uma pesquisa realizada em 2018 com 185 executivos, foram apontados seis benefícios comerciais de se estabelecer as chamadas “Metas baseadas na ciência”, as quais estipulam metas para a redução de emissões de GEE necessária para manter o aumento da temperatura média global entre 1,5 ºC e 2 ºC quando comparado aos níveis pré-industriais:

1 - Reputação da marca: 79% dos executivos corporativos que responderam a pesquisa descobriram que uma reputação de marca fortalecida é um dos benefícios comerciais mais significativos para sua empresa.

2 - Confiança do investidor: cerca de 52% dos executivos dizem que seu compromisso com a meta com base na ciência aumentou a confiança dos investidores em seus negócios.

3 - Resiliência contra a regulamentação: mais de 35% dos executivos entrevistados relatam que a definição de metas baseadas na ciência lhes ofereceu maior resiliência contra regulamentações futuras.

4 - Maior inovação: 63% dos entrevistados dizem que definir uma meta baseada na ciência já está impulsionando a inovação dentro da sua empresa.

5 - Economias finais: 29% já está obtendo economias nos resultados graças ao seu compromisso ambicioso.

6 - Vantagem competitiva: 55% dos entrevistados disseram que o compromisso com a iniciativa Metas Baseadas na Ciência lhes deu uma vantagem competitiva.

Uma economia de baixo carbono inclui maior eficiência no uso e conservação de energia e é por isso que o futuro apresenta grandes possibilidades, clientes mais atentos ao cumprimento das metas das organizações e stakeholders confiantes em suas marcas. Empresas comprometidas com o carbono neutro estão à frente em vários aspectos dos seus concorrentes.

Autor: Fernanda Britz

Analista de sustentabilidade Neo Green Consultoria Ambiental